Por um sindicato de todos os jornalistas!

BRUNO CRUZ

É lamentável que as outras chapas nesse processo eleitoral tenham adotado uma postura preconceituosa em relação aos jornalistas empreendedores. Em atitudes autoritárias, os candidatos a presidente das Chapas 2, 3 e 4 declararam que jornalista que abre um CNPJ para prestar serviço de assessoria é “patrão” e, pior, disseram que essas pessoas não deveriam concorrer para a diretoria do sindicato.

Ninguém pode dizer que um jornalista filiado ao nosso sindicato não deve concorrer para a diretoria se o seu próprio estatuto não faz tal restrição, e nem poderia pois seria um absurdo. Há setenta anos, pelo menos, os jornalistas cariocas, somados aos que aqui se instalaram vindos de outras praças, decidiram organizar o seu sindicato em torno da profissão e não do local de trabalho, como acontece em outras categorias.

Eu prefiro acreditar que esse tipo de preconceito tem origem na ignorância, visto que nenhuma chapa propôs transformar o Sindicato dos Jornalistas em “Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação”. Claro está que, como são maioria os jornalistas assalariados, os interesses destes prevalecem como interesses da categoria. Eu mesmo sou jornalista de redação e entendo as nossas questões como prioridades.

Mas é obrigação de qualquer chapa eleita abrigar no sindicato os jornalistas que, por perspectiva profissional, optaram por outros caminhos, muito mais próximos da prática assalariada que da prática do patrão.

Jornalistas empreendedores atendem telefone, escrevem release, apuram matérias etc. Muitos deles foram colegas de redação no passado e continuam interessados na valorização profissional do jornalista, na afirmação do jornalismo como princípio da democracia, na formação em jornalismo, no impacto das novas tecnologias, nos serviços prestados pelo sindicato, ou seja, em uma série de questões que são responsabilidade ou fazem parte do campo de ação do Sindicato dos Jornalistas